terça-feira, 21 de junho de 2016

sobre os desejos de liberdade

lambi o chão noite passada. tinha algo me incomodando bastante na língua e eu não encontrei outra forma de tirar. então, procurei um lugar bem debaixo do tapete da sala, levantei a beirada e dei aquela lambida com gosto. claro que o gosto é horrível, que fica aquele pó nojento grudando na língua, mas ao mesmo tempo a sensação do alívio, do inusitado e até um sabor de redenção faz com que valha a pena. óbvio que precisei lavar bem a boca depois, escovar e escovar dentes e língua, mas a possibilidade de fazer o que a maioria das pessoas acha deprimente, de fazer o que quase todo mundo considera motivo de internação, e de dizer "na minha língua mando eu!" é bem mais importante do que as convenções sobre quem deve, pode ou não lamber o que bem entende. já lambi umbigos, pescoços, queixos, coxas, nádegas, entranhas e o que bem quis nessa vida, tudo com delicioso prazer, mas o chão da sala de casa é a primeira vez que o faço. não, não estou comparando. o corpo de uma pessoa é algo límpido, belo, saudável e só apresenta algo de positivo e prazeiroso. por exemplo: jamais eu tiraria algo que me incomoda na língua passando-a numa coxa, num quadril, num ventre. portanto, a motivação é outra, mas o movimento é semelhante. já o chão da sala é outra coisa. aliás, é coisa. e lamber coisas pode me fazer livre!

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