quinta-feira, 28 de julho de 2016

fotografia

na fotografia estão todos da família. é uma quantidade grande de gente. mãe, outra mãe, o pai biológico, o pai adotivo, a filha e seus dois irmãos, o filho e suas três irmãs. os menores, sentados nas costas do sofá de três lugares, enquanto os adolescentes estão nos braços do móvel, quatro dos adultos estão nos assentos e um mais engraçadinho deitado aos pés dos demais, fazendo pose com o cotovelo no chão e a mão escorando a têmpora esquerda. alguns copos e taças, dois gatos ou duas gatas nos colos dos pais. ao fundo, um quadro com a pintura em grafite com cada rosto da família, desde a bisavó, na idade de quando veio do Uruguai. o tapete branco, com algumas listras, demonstra que deve ter sido pisoteado bastante antes da foto ser tirada. inclusive, há uma generosa mancha de café próxima ao cotovelo do engraçadinho. a parede onde está o quadro também apresenta uma bela imagem abstrata formada pelos raios alaranjados de sol filtrados pela cortina, provavelmente de uma janela lateral.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

outro dia

sem ideias, partiu para procurar novos textos para escrever. percorreu o mundo inteiro na viagem à volta do quarto e viu sua loucura e sua lucidez andando juntas, de braços dados. foi dormir. acordou melhor e sem ideias.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

silêncio

lá vamos nós ao silêncio. um silêncio. nada mais importante do que um silêncio de vez em quando. tocar uma música, ouvir uma música sendo tocada por alguém e deixar o som tomar conta do ambiente e, logo em seguida, um silêncio. e lá vamos nós.
cada nota com sua intensidade
cada ruído com seu significado
aliás, o som pode muita coisa
e lá vamos nós ao silêncio. um silêncio. a cada instante em que o silêncio se manifesta, a cada momento em que o silêncio, tudo fica muito mais intenso, tudo significa mais. o silêncio pode mais.
e lá vamos nós

quinta-feira, 7 de julho de 2016

do tudo ao nada quase não há distância

lá vamos nós outra vez. e sempre outra e sempre outra e sempre outra vez, numa eterna busca ao que não se sabe e num eterno não encontrar. lá vamos. viajando em movimento elíptico, com eventuais retornos em linha reta, de forma que a matemática precise de um esforço grande para nos compreender e, ainda assim, chegando a grandes falhas. a matemática da angústia eterna pelo entendimento sutil. programas de computador não alcançam simular essa eterna busca, esse eterno desencontro. mas de vez enquando uma linha reta vem e leva tudo para quase o ponto inicial. e depois vem o movimento elíptico. e a matemática... e a física... e os programas de computador... e lá vamos nós outra vez.

sábado, 2 de julho de 2016

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há uma dureza constante
uma vontade de degenerar
pintar-se com a cor que ninguém tem
deslocar-se do conjunto para o unitário
desgarrar-se

dureza constante

insatisfação

fumaça constante

a dureza da fumaça

degenerar-se

uma vontade

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