Antes de começar a contar a história que envolve este post, preciso falar uma coisa. Tô tentando ler o roteiro da minha vida, mas cada vez me sinto mais analfabeto. Não sei se as coisas estão mal escritas ou se eu não entendo o contexto e onde a coisa toda vai chegar, se é que vai chegar. É muito confuso. Parece uma cena de Monty Python, mas com bem menos humor e sentido. As linhas tortas e cheias de pontas duplas me complicam e enredam cada vez mais as coisas pra mim. Pra dar uma ideia, estou tentando tomar um copo dágua, mas tenho a impressão de que quero mesmo é comer uma salada de batata. Só que o que se me apresenta é uma barra de manteiga que se derrete ao contato com os meus dedos. É estranho isso. No fim, o que desejava, recebo. Tenho tentado até mudar de assunto, pular páginas, voltar as cenas, apagar frases e expressões, mas cada vez mais eu mergulho numa leitura que não faz sentido algum. E o que é mais curioso: está me dando um enorme prazer! Tenho vivenciado o prazer de saber que eu não tô entendendo nada do que tá acontecendo, do que já aconteceu e do que poderá até jamais acontecer. Sim! É delicioso se sentir analfabeto! A gente não tem compromisso com nada! Por exemplo: se eu for analfabeto, não terei compromisso de seguir o roteiro que tenho em mãos agora. Posso não reescrevê-lo, nem compreendê-lo, mas posso solenemente ignorá-lo. Concorda? Pois bem, sinto-me prazeirosamente analfabeto! Outro exemplo: a gente pega um grupo de pessoas e bota numa sala. Pede pra que essas pessoas imaginem um assassinato que não envolvesse legítima defesa, mas que envolvesse as emoções do assassino. Pede pra que cada uma delas escreva num papel, sem deixar que os outros vejam, qual punição deveria ser aplicada ao assassino e que entreguem a resposta escrita. Na sequência, pede pra essas pessoas comentarem suas respostas aos demais, porém, isso só poderá ocorrer quando elas receberem, por escrito e em sigilo, o nome do assassino (onde, por pura diversão, constaria que cada pessoa fosse o assassino da sua história). Imaginemos se a punição que cada um previsse por escrito seria a mesma que houvesse comentado após saber da autoria do crime. Eu, particularmente, prefiro ignorar essas coisas, mas a leitura do roteiro da minha vida tem me deixado curioso pra saber como eu agiria num momento como esses. E é o mesmo caso da água.
Tudo muito estranho e incomunicável.
Mas deixemos a digressão de lado e vamos à história. E como já comentei algumas coisas no parágrafo anterior, vou narrar tudo de uma forma muito breve:
Estou brigado com o destino porque ele só me bota num caminho interessante depois que eu já o escolhi. E acho que já disse tudo.
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