segunda-feira, 11 de novembro de 2019

carta aberta para os poucos ainda livres

alegando insanidade, vou-me retirando de fininho. saio de cena por um jogo de sena. venci na vida e perdi no tempo. portanto, não sou um vencedor, tampouco perdedor é um adjetivo que me compete. aliás, não compito. sou um mero artista passando por um breve momento de insensatez. não sei se há vazio na minha bagunça interna ou se há bagunça no meu vazio. prefiro-me retirado a permanecer fingido, prefiro a dolorosa experiência de levar um soco no estômago do que a prazeirosa felicidade de presente que se ausenta pela mão do carrasco. aliás, prefiro o carrasco que bate no peito e se autoproclama ao que executa dizendo que o matador é o que está com o pescoço enrolado na corda. sou insano? não, não sou. estou. a bem da verdade, insensato e insano. o raciocínio lógico me leva a pensar que são opostas, mas insensatez e insanidade convivem. geralmente nos felizes. algumas vezes nos distraídos. quase sempre nos injustiçados. mas vou-me retirando de fininho. insano e insensato. pra que nunca mais aconteça. pra que ninguém mais nos esqueça. nunca mais quero competir. nunca mais quero metade.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

o saco, vazio, foi parar no pé. o sacro vazio não para em pés descalços. a seco, a soco, quem trabalha foi parar no vazio da lona. os dentes arrancados, o chão molhado e uma senhorinha sorridente do lado de fora vibrava. gritavam que saco de pancada vazio não cai longe do pé. foi então que o estômago que já roncava há tempos deu seu rugido e chamou pelos demais. e todos os estômagos foram levantar a voz contra aquele juiz impetuoso que se julgava o guardião das batatas. e foi assim, num golpe só, que a justiça foi feita. o julgador teve a cabeça cortada e exposta na entrada do vilarejo, pra que sempre seja lembrada a força que tem uma multidão de estômagos. e o vazio do sacro acabou abarrotado de sentidos, lógicas, compreensões e iluminação.

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