domingo, 12 de abril de 2020

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enquanto eu aqui, minha alma na cama. coisas loucas acontecem em tempos de pandemia. abro o armário da dispensa e procuro um par de meias. mijo na área de serviço e tomo café sentado na privada. lavo a louça no chuveiro. agora faço café diariamente pra ver se alivia a gastrite que minha cabeça cria. olho pras unhas da minha alma e elas estão longas e lindas. muito bem feitas, aliás. olho pra mim e vejo o tempo perdido e o tempo ganho. o perdido e o ganho. metade se foi, metade ficou. a vida como incenso. a alma minha.

um corte bem feito é um corte discreto
um corte perfeito é um corte gritante

luz na rua
luna nua
viajei à roda do meu quarto
e levei o meu demônio a passear
como fumaça que tá no ar
açúcar queimado é o peito que trata

uma retomada bem feita é anunciada
uma retomada perfeita é percebida

minha alma tem coisas que me despertam muito interesse. talentos, sentidos. coisas sensatas desaparecem na pandemia. quero um suco, espremo um sorriso. tenho fome, como uma gargalhada. ansiedade? uma dose de gozo. café pra gastrite que a cabeça cria. alma de unhas per-feitas. o tempo perdido e o tempo ganho. a vida como incêndio e a alma amada.

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