terça-feira, 13 de dezembro de 2016

saiu de casa passando pela porta da frente. sem rumo, caminhou nas ruas iluminadas pela lua cheia. não chegou a lugar algum, mas o trajeto fez pensar, ajudou a dar ideias e botou a pontuação em ordem, organizando o texto mental. depois de algumas horas, resolveu voltar pra casa, mas não encontrava o caminho de volta. esqueceu de levar o fio e as migalhas de pão. andou muito e parecia que se afastava cada vez mais do objetivo. tentou o norte, o sul, o leste, sempre em vão, porque não entendia as direções para escolher a que melhor serviria. decidiu sentar e admirar o céu. perdeu-se em pensamentos por horas. acreditava que o sol iria ajudar a encontrar o rumo ao amanhecer. ledo engano. o dia foi ainda de mais desorientação. depois de 24 horas de procura, acabou passando na frente da própria porta e não a reconheceu. não foi capaz de reconhecer a própria casa. seguiu caminhando, dessa vez tentando fazer o caminho oposto, mas já não lembrava da rosa nem dos ventos. tropeçou numa pedra e bateu a cabeça. uma figura meio humana meio demônio lhe apareceu ao despertar do desmaio e indicou uma direção. seguiu os conselhos, mas já era tarde demais. a lua agora já tinha outro formato e uma dor insuportável na cabeça veio para atormentar. agora vive por aí, à procura da besta que lhe indicou um caminho mais perdido que todos que havia tentado. cada vez que a lua enche, enche a cabeça com a esperança de voltar ao corpo perdido do lado de dentro da porta de casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Google Analytics Alternative