terça-feira, 17 de novembro de 2015

Celeste, se leste

ando muito barroco
oco no meio dos extremos externos
do esterno, osso que ora
a cada hora, cada penhora
cada senhora que desce a mão
uma freira que me desse a mão
que me fizesse decolar
ir do mar às nuvens

paro no escuro, claro
perdido pelos entalhes
nas cornijas me desequilibro
pouco rococó rouco

Celeste, se leste este poema
e não entendeste, é porque ele deveria estar em braile



Um comentário:

  1. arabéns! Muito boas as suas criações. "A liberdade interior do submetido, submete à de seu carrasco..." , dizia o saudoso Pelino Guedes. Da mesma forma, àquela voz solitária, desprezada pela ignorância tirânica da obediência,é impedida a libertação. Suas palavras são como este ser peliniano que, submetido à força coletiva, não perde a integridade do seu caráter, tão pouco se curva diante do altar dos malfeitores, mantendo viva sua liberdade. São palavras certas, cruas, reveladas pouco a pouco dentro do universo que lhes é devido, como se reassumissem seus devidos lugares. Têm a bravura e a insurgência das verdades mais latentes, que tantos se empenham em destruir. Desejo êxitos e realizações para você e sua vida literária.
    Rodrigo Cardoso Ulguim.

    (Aquele aluno fantasma da Edi. que não aparece porque não concorda com à Cátedra e que está exausto de fazer o que os outros esperem que ele faça. Ou, se preferir: o cara que mata aula para ler filosofia e literatura, escrever escondido, criando tratados médicos que ninguém vai ler ou simplesmente fazendo nada. Mas que encontra, aqui em sua página, um incentivo para ir as aulas).
    Deixe-me pensar:
    -Quantos professores poetas eu tive?
    Nenhum...
    Donas de casa? Já; Burocratas? Já; Pseudo-sacerdotes e pilantras? - é o que mais tem, e são pagos com nosso dinheiro-; Pobres coitados obrigados a trabalhar sem receber à medida que se doam (preciso continuar?).
    Agora poeta... Esse é o primeiro.
    Nem tudo está perdido.

    Rodrigo Cardoso.

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